Sagradas Escrituras:
“Palavra de Deus em Palavras humanas”.
Parte III
Etapas da revelação
A
revelação é um ato de decisão, vontade, bondade, amor e sabedoria de Deus. A
revelação também possui a característica teológica e a antropológica.
A
teológica é a afirmação de Deus que revela a si mesmo, ou seja, quem Ele é. Por
sua vez a antropológica é Deus revelando seu plano de salvação ao homem, no
caso é a revelação do que Ele pretende. Sendo assim, fica claro que o conteúdo
da revelação é o próprio Deus e o homem por Ele amado.
Quando
Deus fala ao homem ele o faz por meio de profetas e hagiógrafos inspirados pelo
Espírito Santo. O hagiógrafo não é uma pessoa utilizada de forma mecânica, mas
antes é aquele que por primeiro vive e experimenta a Palavra proferida por
Deus. Então, Deus como autor principal, por meio da assistência do Espírito
Santo transmite sua mensagem por meio dos profetas e hagiógrafos.
“Deus é o autor
principal da Sagrada Escritura. “As coisas divinamente reveladas, que se encerram
por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas sob
inspiração do Espírito Santo””[i].
Todo
hagiógrafo está inserido dentro de um povo, e representa toda uma comunidade
orante e de fé. Comunidade esta de onde foi suscitado homens que após uma
profunda experiência de Deus continuam a transmitir a Palavra dada por Ele.
Primeiramente o fazem por tradição oral, onde os ensinamentos são transmitidos
de geração em geração. Após um tempo essas tradições orais são colocadas em
escritos por meio dos escritores sagrados que ao serem assistidos pelo Espírito
de Deus, colocam em caracteres humanos aquilo que é da vontade divina.
É
de grande importância lembrar que, tanto os profetas quanto os escritores
sagrados estão inseridos dentro de um povo que possui uma cultura, com história
e costumes. Todos esses fatores influenciam na transmissão da Palavra, seja
pela tradição oral ou escrita. Com isso as narrativas e a escrita do texto
inspirado entram em contato com muitas expressões, vontades, desejos e anseios
da comunidade a qual ela foi revelada.
Esse
fato faz com que muitos cientistas, pesquisadores e até mesmo teólogos que
buscam apenas a verdade histórica, esquecendo-se da característica divina da
mensagem revelada, abordem as Sagradas Escrituras apenas com um olhar histórico
crítico, limitando a Palavra revelada a um aglomerado de fatos à serem
investigados historicamente, questionando assim, a autenticidade e a verdade
teológica presente nas Escrituras.
Esse
fato leva a questionamentos como: Afinal, a bíblia é ou não verdade? Tudo o que
ela apresenta deve ser considerado como autêntico? E o que fazer com a falta de
comprovação histórica dos fatos narrados? E os inúmeros questionamentos sobre
os milagres relatados tanto no antigo testamento quanto no novo? Então a Bíblia
é uma mentira? Dentre outros.
Para
uma possível resposta a essas perguntas é preciso antes compreender o que
anteriormente foi apresentado, ou seja, a compreensão de que no texto contido
nas Sagradas Escrituras está antes de tudo a Mensagem Divina Revelada. Tendo
compreendido a Bíblia enquanto Palavra Revelada por Deus, em um contexto, fica
mais fácil a compreensão da segunda dimensão das Sagradas Escrituras, ou seja,
a dimensão antropológica da revelação, e isso irá oferecer meios para buscarmos
respostas a esses questionamentos.
Sem. Diego Novaes
Obs: Amanhã estarei colocando um vocabulário para auxiliar na compreensão dos textos.
[i]
Catecismo da Igreja Católica, p. 39, parágrafo 105
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