Vaticano II

CONCÍLIO VATICANO II


 _______________________________________


Concílio Ecumênico do Vaticano II
“Trata-se de um extraordinário evento eclesial, nascido do coração de Deus, por meio de uma intuição de João XXIII [...] (Bento XVI)”. Esse acontecimento foi fundamental para a Igreja contemporânea, suscitando elementos fundamentais para a renovação da Igreja, com um novo modo de agir, mais voltado para o mundo e para suas necessidades. Também promoveu um diálogo com as culturas e com outras Igrejas, criando a consciência de que não é fugindo do mundo que se resolvem os problemas. E por fim, valorizou a centralidade da Escritura e da Liturgia na vida de fé, e a consciência de que a Igreja são todos os batizados. Todos nós formamos o Povo de Deus e somos templos do Espírito Santo.                                                                                                                       Em 11 de outubro de 1962 iniciava-se o Concílio Vaticano II motivado pela seguinte razão: “A Igreja assiste a uma crise que aflige a sociedade humana”. João XXIII fez um convite á Igreja para discernir os sinais dos tempos, mantermos vigilantes e responsáveis, confiando em Cristo. O Concílio foi uma resposta da Igreja ao desejo de colaborar mais eficazmente na solução dos problemas de sua época. Vale destacar que o vigésimo primeiro Concílio, ou seja, o Concílio Vaticano I ocorreu em 1870, porém, sem grandes proporções.                                                                                                                              Ao celebrarmos cinqüenta anos da sua realização é necessário revitalizarmos seu conteúdo, com o objetivo de mostrar sua riqueza e atualidade. E também suas constituições dogmáticas, decretos e declarações. Para ascender uma pequena luz no interior de cada cristão; especialmente nesse ano jubilar: o ano da fé.
Os documentos do Vaticano II são: quatro constituições: Sacrosanctum Concillium (sobre a liturgia); Lumen Gentium (sobre a Igreja); Dei Verbum (sobre a revelação divina e tradição) e Gaundium et spes (sobre pastoral e a Igreja no mundo). Nove Decretos: Ad Gentes (sobre atividade missionária); Apostolicam actuositatem (sobre os leigos); Christus Dominus (sobre os Bispos); Inter Mirifica (sobre a comunicação social); Optatum totius (sobre a formação sacerdotal); Orientalium ecclesiarum (sobre as Igrejas Orientais católicas); Perfectae caritatis (sobre a renovação da vida consagrada); Presbyterorum Ordinis (sobre a vidas dos presbíteros) e Unitatis redintegratios (sobre o Ecumenismo). E três Declarações: Dignitatis Humanae (sobre a liberdade religiosa); Gravissimum educationis (sobre a Educação cristã) e Nostra aetate (sobre a relação com os não cristãos).                                                          
                                                          
Em nossa próxima postagem vamos estudar um pouco do primeiro documento aprovado pelos bispos, o Sacrosanctum Concilium.     
Referência: ZANON, Darlei. Para ler o Concílio Vaticano II. 1° Edição, Paulus. São Paulo, 2012.
Sem. Anderson
3° ano de teologia.

_________________________________________________________________________



PARTE II


SACROSANCTUM CONCILIUM    




       A renovação e valorização da Liturgia




Esse foi o 1° Documento a ser aprovado pelos bispos. A renovação da liturgia era uma exigência unânime, frutos das transformações trazidas pelo movimento litúrgico iniciado no final do século XIX, que deu a liturgia um estatuto teológico e revelando toda sua riqueza. Ele foi fundamental para a promoção e o desenvolvimento da Liturgia, dando a ela a verdadeira importância e a centralidade na vida cristã. Pois, a Liturgia é a perfeita expressão do mistério de Cristo e da nossa união com Deus.                           
 A Sacrosanctum Concilium é dividida em sete capítulos. No primeiro sua fundamentação teológica. A liturgia é apresentada no horizonte da história da salvação, cujo fim é a redenção humana e a perfeita glorificação de Deus. Ela é o sacrifício memorial do mistério Pascal, renovação da Aliança. Ela é “simultaneamente a meta para a qual se caminham a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda sua força” SC, n° 10. No n°7 o documento afirma que “Cristo está presente na Igreja, especialmente na ação litúrgica. Está presente no sacrifício da Missa [...]. Está presente em seu dinamismo, nos sacramentos, de modo que quando alguém batiza, é o próprio Cristo quem batiza. Está presente na Palavra e por fim, está presente quando a Igreja canta e reza”.                                                                                                                                                        O capítulo II trata especificamente do mistério Eucarístico como memorial da morte e ressurreição de Cristo. A preocupação do Concílio era rever os ritos, tornando-os mais simples e significativos. A Homilia passou a ser mais valorizada, pois, “é a exposição dos mistérios da fé e das normas para a vida cristã” SC n° 52. As renovações são apontadas para os outros sacramentos são enfatizadas no capítulo III, principalmente a revisão dos rituais, realizadas nos anos seguintes.                       
O capítulo IV ocupa-se com o Ofício Divino, cuja maior mudança é o uso da língua vernácula. Essa foi uma das maiores transformações trazida pelo Concílio e aplicada a toda Liturgia. Esse tema é tratado nos números 36 e 54. Aqui também se diz “que a celebração comunitária é preferida à individual” SC n° 27, incentivando a presença e participação ativa dos fiéis.                                                                                               
 Uma vez aprovada a Sacrosanctum Concilium influenciou decisivamente toda a Igreja, no modo de pensar, de ensinar, de olhar para as instituições e para o mundo. Imprimiu-lhe uma nova dinâmica que continua viva e a convocar a Igreja a estar atenta à linguagem do seu tempo e lugar. Os n° 14 e 20 afirmam a necessidade de formar o clero. Temos ainda os capítulos V, VI e VII, que tratam respectivamente do Ano litúrgico (caminho através do qual a Igreja recorda e revive o mistério pascal de Cristo), a música e a arte sacra, que devem contribuir para a beleza e dignidade do culto.                             
O Concílio mostrou-nos que a Liturgia é o momento privilegiado de encontro com Deus, ensinou a valorizar e redescobrir o valor da Palavra e Eucaristia, e a importância da oração e do silêncio, da reflexão bíblica, da força que vem da eucaristia. Portanto, a Sacrosanctum Concilium promove uma melhor participação dos fiéis na celebração litúrgica. Além de se abrir para a língua vernácula, ela incentiva e destaca a perspectiva comunitária da liturgia.                      

 
     Sem. Anderson
3° ano de teologia.
___________________________________________________


PARTE III

LUMEN GENTIUM   

 
Novo modo de ser Igreja   




                                                                                                    

 Ao convocar o Concílio João XXIII tinha o objetivo bem claro: aggiornamento, atualizar a Igreja diante da sociedade da época. A intenção era refletir sobra à essência da Igreja, esse seria um novo caminho a seguir. Luz para os Povos se tornou como que um tronco para o Concílio, e representa no campo da eclesiologia, uma autêntica revolução. Surge um novo modo de ser e de compreender a Igreja. De um modelo de Igreja como sociedade perfeita, passa-se agora a uma pluralidade de imagens, complementares entre si e orientadas pela perspectiva do mistério e da Trindade. 
            No capítulo I somos introduzidos no “mistério da Igreja”: ela é reino já presente em mistério e cresce pelo poder de Deus; é o povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo LG n° 4. O corpo eclesial é considerado a partir do mistério trinitário. O segundo capítulo apresenta o desenvolvimento histórico da Igreja. O novo povo de Deus Uno e Universal, é formado por todos os que crêem. Na Nova Aliança todos são chamados a ir e batizar, segundo a ordem de Cristo (Mt 28, 18-20). Constituindo, assim uma Igreja missionária.
            Os capítulos III e IV descrevem a estrutura orgânica da Igreja. Todos os batizados, fiéis ou pastores, têm a mesma vocação fundamental e são associados à mesma missão. Primeiramente fala-se da constituição hierárquica da Igreja, especificando a função dos bispos (pregar o evangelho, governar e ensinar o rebanho). A seguir trata-se dos leigos, aos quais competem por vocação “procurar o reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus” LG n° 31. Os leigos são chamados a santidade a partir da sua vida de inserção no mundo. Por isso, a necessidade de se formar os leigos e incentivá-los na participação da vida eclesial.
            O Concílio pede que, entre pastores e fiéis haja uma “comunidade de relações”, e um mútuo apoio, pois todos são chamados a “santidade”. Esse é o tema dos capítulos V e VI. A missão essencial da Igreja é a santificação: A Igreja é santa e todos somos chamados a santidade. O Concílio assinala os conselhos evangélicos como dom divino, consagração ao serviço de Deus. No coração dessa vocação comum a todos, está a vida consagrada.   
 Nos dois últimos capítulos da Lumen Gentium, há a descrição do desenvolvimento escatológico da Igreja e o papel de Maria nessa caminhada, no mistério de Cristo e da Igreja. “A Igreja peregrina está em união com a Igreja celeste, e será consumada na Glória celeste” LG n°48. A realidade primeira é o “nós eclesial, em que a unidade precede a diferença” (M. Costa Santos). Esse é provavelmente o documento mais importante do Vaticano II, pois, fez a Igreja refletir sobre sua essência, origem e constituição interna. A sua redescoberta como ministério marca esse retorno as origens, e ao mesmo tempo abre-a as novidades dos novos tempos.
            A conscientização da Igreja como mistério ligado ao mistério de Cristo deu um novo rumo e apontou para novos caminhos. Mas muitas questões nem foram exploradas ainda. A Igreja deverá ser sempre mais “sinal da união com Deus e da unidade do gênero humano”.  Desta unidade a Igreja é testemunha, que torna presente (visível) o Ausente (invisível). 


Sem. Anderson 
3° ano de teologia.






Referência
ZANON, Darlei. Para ler o Concílio Vaticano II. 1° Edição, Paulus. São Paulo, 2012.
 
 

2 comentários:

  1. Parabéns Anderson!
    Gostei muito do seu texto, certamente trabalhar uma série desta temática será muito bom para nossa formação e para posteriores trabalhos pastorais!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado irmão!!! É nossa missão encontrar novos caminhos para evangelização!!!

      Excluir