terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sagradas Escrituras

Mês de Setembro: Mês da Bíblia 



Sagradas Escrituras:
“Palavra de Deus em Palavras humanas”.

Parte II



“O que é a Bíblia”?


Por muito tempo a bíblia foi entendida como um conjunto de textos sagrados, e abordada unicamente como Palavra de Deus. Essa afirmação não está errada, mas não é apenas isso, pois, se fosse certamente não a conheceríamos, ou não compreenderíamos seu conteúdo se nela tivesse unicamente a linguagem divina, devido a limitação humana. As Sagradas Escrituras enquanto Palavra de Deus é apenas uma das duas dimensões das Escrituras, sendo que a segunda dimensão é a Bíblia enquanto palavra humana. Diante disso é possível afirmar as duas dimensões das Sagradas Escrituras, a dimensão teológica e a dimensão antropologia.
Teológica, pois é Deus quem fala, é Palavra divina inspirada pelo Espírito Santo, mas antropológica, pois, chega até ao homem por palavras humanas. Pois o homem para compreender essa Palavra a ele revelada necessita que seja apresentada em matrizes humanas, em caracteres que sejam de seu entendimento, assim, a Palavra divina adquire uma “roupagem humana”, ou seja, é apresentada com elementos da linguagem do ser humano.
Enfim, diante disso conclui-se que a bíblia é a “Palavra de Deus em palavras humanas”. (Papa Bento XVI)


Palavra de Deus


O termo “palavra” é muito designado para se referir as Sagradas Escrituras, e com um grande sentido.
Sabe-se que a palavra é um elemento peculiar dos seres que possuem a capacidade de pensar, pois, por meio dela o ser humano é capaz de se comunicar. Por meio da comunicação se revelam as intenções e até mesmo a personalidade de quem se comunica.  Uma das características atribuídas a Deus é o Logos, ou seja, o “Verbum”. É possível encontrar essa afirmação no evangelho de São João, logo no primeiro capítulo onde ele fala que:

No princípio era o Verbo
e o Verbo estava com Deus
e o Verbo era Deus. (Jo 1, 1)


Se uma das características de Deus é o comunicar, Ele por bondade e decisão própria se comunica ao homem, se mostrando próximo ao ser humano, também capaz de comunicação, instaurando assim um diálogo entre ambos por meio da revelação.

A novidade da revelação bíblica consiste no fato de Deus Se dar a conhecer no diálogo, que deseja ter conosco”. [i]

Ao se comunicar ao homem, Deus, aos poucos vai se revelando, o termo revelar aqui expressa o sentido de retirar o véu, se deixando conhecer pouco a pouco por meio de sua Palavra. Deus revelou-se por meio dos acontecimentos, profetas e por fim revelou-se planamente em Cristo Jesus.

“Deus dá-Se-nos a conhecer como mistério de amor infinito, no qual, desde toda a eternidade, o Pai exprime a sua Palavra no Espírito Santo. Por isso o Verbo, que desde o princípio está junto de Deus e é Deus, revela-nos o próprio Deus no diálogo de amor entre as Pessoas divinas e convida-nos a participar nele”. [ii]

Neste ponto onde se apresenta a Palavra propriamente dita, e a figura de Jesus como plenitude da revelação desta, afirma-se o mistério da Palavra e o da Encarnação do Verbo.


Mistério da Palavra e o Mistério da Encarnação


Como foi apresentado Deus em sua bondade e por amor ao homem sua criatura, se comunica a este. A princípio para que ela pudesse ser revelada, Deus se utiliza de “mediadores”, como os profetas apresentados pelas Escrituras. Mas, como a palavra divina é apresentada em caracteres humanos para a compreensão, ela sofre “perdas”, pois a linguagem humana em sua limitação não é capaz de transmitir tal e qual a Palavra divina é proferida do coração de Deus. Sendo assim, quando se afirma que Ela sofre perdas ao ser transmitidas por meio de palavras humanas significa que Ela se reveste de roupagens humanas, mas isso não quer dizer que ocorra a perda de sua verdade, não deixando de ser a palavra de salvação ao homem.
Portanto as Sagradas Escrituras é a Palavra de Deus na lógica da palavra humana, eis o mistério da Palavra, que é revelada por intermédio de homens no antigo testamento e que se revela plenamente na Pessoa do Cristo, afirmando o mistério da Encarnação.
São João em seu evangelho escreve que na plenitude dos tempos a Palavra se Fez carne e habitou entre nós. Na encarnação de Jesus, a natureza humana ofuscou a divina, onde Deus em sua misericórdia decidindo se rebaixar, ao se elevar eleva junto consigo toda a humanidade. É o próprio Verbum divino que se rebaixa para se comunicar aos homens e lhes restituir a dignidade.

“Na condescendência de sua bondade, Deus, para revelar-se aos homens, fala-lhes em palavras humanas: “Com efeito as palavras de Deus, expressas por línguas humanas, fizeram-se semelhantes  à linguagem humana, tal como outrora o Verbo do Pai Eterno, havendo assumido a carne da fraqueza humana, se fez semelhante aos homens”[iii]”.[iv] (p. 38) 101




Sem. Diego Novaes



[i] Verbum Domini, p. 15
[ii] Verbum Domini, p. 16
[iii] Hebreus 1, 1 – 3
[iv] Catecismo da Igreja Católica, p. 38, parágrafo 101

Nenhum comentário:

Postar um comentário