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Religião: Evangelização X Proselitismo


Para que seja desenvolvido qualquer texto que fale diretamente de religião ou de seus elementos constitutivos deve-se ter claro o que de fato é religião. Realizar essa tarefa de definição é algo complexo, portanto, há uma problemática. Religião não é algo simples, que de imediato se possa definir. Geralmente religião é definida a partir do termo re-ligare que indica uma de suas funções, a de ligar o ser humano ao transcendente. Mas, é de grande valia salientar que religião é mais do que isso, pois religar é apenas uma de suas características. Atualmente a religião vem sendo definida pela teologia como “conjunto de crenças, celebrações e normas éticas, por meio das quais, o ser intelectual reconhece, em chave simbólica, sua vinculação com o divino em duas vertentes, a saber, subjetiva e objetiva e exteriorizada mediante diversas formas sociais e individuais”.
Enfim, diante disso percebe-se que não há uma definição clara sobre religião, o que é apresentado como definição, na verdade, são elementos característicos. A vivência de determinada religião ocorre a partir de uma experiência que, em consequência, gera uma fé no Homem. Sabendo que a experiência religiosa é também subjetiva, e que a fé é ato da vontade e da inteligência humana elas necessariamente vão em busca de razões que possam nortear sua fé, daí a necessidade de uma doutrina. Mas, não existe apenas uma doutrina, mas doutrinas que variam de acordo com a fé de cada pessoa.
   Como é possível notar existem diversas manifestações de fé, e cada uma traz em si características próprias, portanto, pode-se falar em religião e religiões. Atualmente religião no singular é utilizado para designar um estudo geral das religiões. O termo no plural é utilizado para definir instituições como o cristianismo, hinduísmo, judaísmo dentre outros. Essas apesar de suas características diversificadas possuem um elemento comum, que faz com que sejam classificadas como religião. Esse elemento é a busca pelo transcendente. Devido às diversas maneiras de expressão, ou manifestação religiosa é possível perceber que há um pluralismo religioso.
   Antigamente o ambiente religioso era mais definido. Hoje devido ao pluralismo cultural, a religião por ser um fato cultural, histórico e social, também se manifesta de maneiras diversificadas havendo então um pluralismo religioso. Diante do pluralismo religioso devem-se tomar alguns cuidados, pois dentro da religiosidade não deve haver um extremismo, em que uma religião é priorizada como única, passando a ser obrigatória, ferindo assim, a liberdade religiosa. Também não se pode igualar todas pelo simples fato de que em uma nação sempre haverá uma religião majoritária, que deve ter uma atenção diferenciada. E ainda, não deve haver exclusão, ou seja, retirada da religião de todos os ambientes. Sendo assim, quando o assunto é religião deve-se ser levado em conta o pluralismo religioso que é fato, e respeitar-se a liberdade.
Dentro desse pluralismo religioso encontra-se o cristianismo, que tem sua fé fundada na vida e missão de Cristo Jesus. Um dos termos muito conhecidos dentro do cristianismo é a evangelização, inclusive atualmente já se fala de nova evangelização. Evangelizar é levar a Boa Nova, é levar as pessoas a conhecerem a pessoa de Cristo, suas obras e ensinamentos e a Ele aderir. Mas, atualmente existem pessoas que estão substituindo a evangelização pelo proselitismo. Proselitismo é um termo grego, que no contexto hodierno é utilizado para designar práticas de pessoas que tem um empenho ativista de converter pessoas a determinada causa, ideia ou religião – no caso proselitismo religioso. Se o termo evangelização é utilizado no contexto do cristianismo, proselitismo por sua vez é mais comum no âmbito social e religioso geral.
   Toda a realidade que circunda o ser humano é repleta de discursos que possuem o intuito de envolver e persuadir pessoas ao que é apresentado. Mas, há alguns de dentro do cristianismo que, ao invés de evangelizarem e anunciarem a pessoa de Cristo estão realizando um proselitismo, disfarçado em evangelização. Buscam a qualquer preço e por qualquer meio realizar conversão de pessoas, esquecendo que existe a liberdade dos indivíduos e que um grande mal que deve ser evitado, como foi apresentado mais a cima, é a imposição de uma única religião.
   Acontece que hoje muitos padres, pregadores, até mesmo leigos, estão impondo suas ideias por meio de um proselitismo disfarçado em evangelização. Basta olharmos nas mídias que será possível elencar vários pregadores que se dizem entendidos de teologia, por terem estudado em tal lugar, escritos livros, achando-se assim no direito de impor seus pensamentos como se fossem a única verdade a ser aceita. Fazem uma evangelização narcisista, tornando a evangelização um espelho de suas vontades, vaidades e egoísmos, corrompendo assim, a verdadeira essência de mensagem, impondo suas próprias crenças. Contra isso escreve Pe. Zezinho, scj, alertando que os fiéis devem ter cautela contra tais proselitistas.

Não é por que um padre disse que se deve comungar de joelhos e o outro diz que se pode comungar Maria na hóstia, que você vai engolir isto como verdade. Além do padre de televisão, há os padres que se especializaram em Teologia. Questione-os. Ser conhecido não é o mesmo que ser culto. (Pe. Zezinho scj - 07/12/2012 –via twitter)

   Tais pessoas (proselitistas) levam a pensar que sua evangelização não tem como intuito levar Cristo às pessoas, mas a si mesmos. Esse fato não ocorre apenas dentro do cristianismo católico, o protestantismo também é repleto de discursos fundamentalistas e proselitistas. Basta fazer uma análise simples para perceber discursos que levam as pessoas a se alienarem. Esses discursos geralmente vêm fundados em uma teologia da prosperidade em que os líderes buscam cada vez mais “arrastar” fiéis para suas denominações religiosas, isso causa conflitos entre as mesmas. Muitas lideranças fazem da religião um comércio religioso em que cada um busca “vender” seu produto, e os ataques com discursos ofensivos, humilhantes tendem a ser vistos cada vez mais frequentemente inclusive em mídias. Há um verdadeiro ativismo religioso expressado inclusive em forma agressiva. Cada um desses ativistas visam apresentar suas religiões como se fossem as melhores, se colocando como seres moralmente e espiritualmente superiores.
   Com tal atitude quebram completamente a possibilidade do diálogo ecumênico e inter-religioso tão desejado pela Santa Igreja, como é possível perceber nas palavras do saudoso João Paulo II, em seu discurso realizado no encontro interreligioso em 2003 em que ele dizia: “Juntamente convosco, peço a Deus Todo-Poderoso que nos fortaleça na tarefa comum de anunciar e testemunhar o Evangelho aos homens e às mulheres do nosso tempo. Que Ele apresse o dia em que, juntos, possamos louvar o Seu Nome, em plena comunhão de fé e caridade”. Para que haja esse diálogo é necessário estima pelo outro, transparência de pensamento, um esforço para compreender e ser compreendido, procurar conhecer a crença do outro e certa prudência nas relações. E, além do mais, uma grande abertura ao outro, dando espaço para que viva sua fé, mesmo que diferente, pois o verdadeiro diálogo apenas existe quando nenhum dos lados é coagido, mas cada um com sua identidade se relaciona visando um ponto em comum.

   Portanto, a pluralidade religiosa é fato, logo, deve haver um respeito e diálogo em que, o que é buscado é a verdadeira evangelização, ou seja, o anúncio da Boa Nova. Mas, para isso é necessário que tal evangelização seja feita com humildade, caridade e respeito à inclinação religiosa alheia.

Sem. Diego Novaes


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A Teologia na receção do Concílio Vaticano II


A Junta de Decanos das Faculdades de Teologia de Portugal e Espanha promoveu em Salamanca um encontro sobre o “grande acontecimento eclesial que foi o Concílio Vaticano II”, por ocasião dos 50 anos da sua abertura. O evento é considerado no documento conclusivo do evento, enviado à Agência ECCLESIA, como “uma bússola segura para a Igreja do século XXI”.

O encontro reuniu cerca de 400 congressistas, de todas as faculdades ibéricas e as intervenções levaram em linha de conta “todos os grandes temas e documentos do Concílio, pois a consideração do conjunto da doutrina conciliar é um critério hermenêutico para a correta interpretação dos diferentes aspetos e contributo conciliares”.

“No congresso ficou claro que a intenção fundamental do Concílio foi a de oferecer um testemunho autorizado do Evangelho no mundo contemporâneo”, refere o texto de conclusões, assinada pela comissão organizadora.
Segundo os responsáveis, uma das ideias de fundo nas várias intervenções é que “o magistério posterior acolheu, interpretou e atualizou o Concílio”, pelo que o congresso seguiu o princípio hermenêutico do Papa Bento XVI da “reforma da continuidade”, o qual permite “descobrir nos textos conciliares o seu verdadeiro espírito”.

“O congresso considera que, à luz desta hermenêutica, a Teologia tem na Igreja a função essencial de reler os textos conciliares e aplicar e prolongar os princípios do Concílio perante os novos problemas que surgem e as novas realidades que hoje exigem uma resposta”.

Os participantes defendem ainda que a Teologia “como ciência da fé, tem o seu lugar próprio na Igreja para conseguir o necessário diálogo crítico da fé com a cultura contemporânea”. “Os teólogos estão chamados a realizar este serviço como parte da missão salvífica da Igreja e por isso é necessário que pensem e sintam com a Igreja”.

O último ponto do documento faz uma “memória agradecida do Concílio Vaticano II” e repete uma passagem da mensagem final do recente Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização (outubro, Vaticano), onde afirma que a Igreja “sente o dever” de estar  das pessoas deste tempo para “para fazer presente o Senhor nas suas vidas”.

Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=93560
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Teologia como expressão Intelectiva da Fé


O homem é um ser dotado de capacidade intelectiva, sendo assim, ele é capaz de refletir sobre o mundo que o cerca, levantando inúmeras teorias e hipóteses, aumentando assim sua ciência sobre as áreas de conhecimento. Dentre essas áreas encontra-se a filosofia, psicologia, antropologia, a teologia e outras, inclusive as ciências naturais.
Dentre as apresentadas, a teologia se diferencia das demais no que diz respeito ao seu objeto de estudo, pois possui características que lhe são próprias, isso porque enquanto o objeto de estudo, sua verdade é buscada no mundo denominado natural, a verdade da teologia e seu objeto é o próprio Deus e sua revelação.
É evidente que as áreas de conhecimento possuem diferenças, mas com relação à teologia a distinção pode ser evidenciada ao que é propriamente a teologia em seu ponto de partida, isto é, enquanto as demais áreas encontram seu ponto de partida no senso comum, ou seja, na primeira abordagem fenomenológica, na “doxa”, e a partir dela iniciam sua reflexão para se chegar mais próximo da verdade. A teologia se distingue pelo fato de não ter como ponto de partida uma opinião, mas um dado revelado, um dogma, ou seja, uma verdade de fé garantida pela Igreja. Sendo assim, conclui-se que o ponto de partida é a fé.
Diante disso a figura do teólogo é bem definida. Teólogo é antes de tudo um crente que reflete sua própria fé, diante disso, percebe-se que não é possível ser teólogo sem crer. Isso pode ser legitimado na afirmação de Santo Anselmo que diz que teologia é “fé que procura uma significação”.
Essa afirmação ao ser analisada, além de confirmar que a fé é o ponto de partida da teologia, demonstra também sua forma, ou seja, se a matéria é a fé, a forma então, é a razão. O documento Pastores Dabo Vobis vem confirmar essa teoria com as seguintes palavras “Portanto o teólogo é antes de mais um crente, um homem de fé. Mas é um crente que [...] se interroga com o fim de atingir uma compreensão mais profunda da própria fé” (53).
Portanto, conclui-se que teologia é uma demonstração razoável da credibilidade da fé nas obras histórico salvíficas de Deus, em palavra e ato, como princípio material e ainda, tendo a razão humana como princípio formal, logo, teólogo é aquele que fazendo uso de sua razão reflete sobre sua fé, por fim, concluímos que a teologia é uma expressão intelectiva da fé.


     
                                                             

                                                                                                                   Por: Sem. Diego Novaes
                                                                                                                                1º Ano de Teologia 

 
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Sem. Anderson Luiz de Souza
2º Ano de Teologia

Artigos:

Teologia: um serviço à vida

Igreja e Profetismo