Querido (a) irmão (ã),
Após algum tempo longe do blog, com alegria volto para conversar com você.
Vamos lá...
No mês passado, diversas foram as matérias e notas de imprensa divulgando pesquisas que revelaram a diminuição do número de católicos no Brasil, e esse número faz-se mais expressivo dentre os jovens.
Diante desses dados, mesmo sabendo que por vezes são opiniosos e usados por uma mídia manipuladora e sensacionalista, que tende ao ataque à Igreja, fiquei a pensar: o que está acontecendo conosco? Qual é a resposta que daremos a esse “êxodo” do catolicismo às diversas denominações cristãs e até mesmo ao ateísmo?
Diversas foram as respostas, e, diante delas, até mesmo questionamentos sobre as condições doutrinais e teológicas que essas denominações oferecem como solução mágica e instantânea para diversas crises do ser no mundo de hoje. Mas, ao invés de procurar culpados por essa “crise”, ou até mesmo entrar em atrito com essas situações, decidi ir além.
Eis que, diante de minha análise surge a seguinte conclusão: A começar por mim, por vezes tem faltado esperança e missionariedade!
Na introdução de sua Encíclica Spe Salvi, o Papa Bento XVI nos diz: “Spe Salvi facti sumus – é na esperança que fomos salvos: diz São Paulo aos Romanos e a nós também (Rm 8,24). A redenção, a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado de fato. A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho.”.
Diante do chamado à esperança, tomando as Sagradas Escrituras, podemos perceber, como também nos narra o Santo Padre, que se pode intercambiar fé e esperança, uma permanece intimamente ligada à outra, porque, quando cremos em Jesus e fazemos com Ele cotidianamente nosso “encontro”, percebemos que Ele se torna o logos – a razão e o sentido – de nossa esperança, e mais que isso, de nossa existência.
É belo perceber que nada pode segurar o cristão, que nada pode barrar a força do Evangelho, ninguém pode conter a graça do Senhor que age na Igreja, porque temos por meio do Cristo, a certeza de que não somos daqui e que no céu receberemos, como ele mesmo prometeu, o prêmio, o consolo, a morada.
Mas, não quero me ater somente às questões escatológicas, pois, mais belo ainda é trabalhar e saber da possibilidade de que, como cidadãos do céu, herdeiros da esperança redentora e definitiva, podemos, graças também ao encontro com o Senhor, construir desde já o Reino de Jesus frente a todas as realidades que geram conflitos na vida do homem e o fazem perder o “gosto do eterno” saboreado e oferecido à Igreja.
E ao trabalhar as possibilidades, surge em nosso coração o desejo e a necessidade de ser desde já, na realidade cronológica, do aqui e do agora, agentes da esperança, fomentando-a em todos os corações dos que não conhecem ou que estão longe da promessa.
É preciso assumir nosso batismo e entender a abrangência deste sacramento, que nos confere o múnus de profetizar e nos faz o desafio de transformar.
Para que a mudança se dê é preciso começar de dentro para fora. Nós, jovens da/na Igreja precisamos ser uma expressão mais viva, que busca ser Igreja e semear esperança entre os que estão em nosso meio, entre os que estão longe de nós, entre os que são “de outros rebanhos” e entre os que estão como ovelhas sem pastor.
É necessário e urgente que saiamos da fé imatura, parada só na mística e que não se traduz na prática, prática essa que precisa ser comprometida com a causa de Jesus, em nível eclesial e social.
Recordo-me do saudoso João de Deus, o papa jovem, em sua mensagem por ocasião da XII JMJ, nos dizia o pontífice: “Mas – pergunto-vos – será melhor resignarem-se a uma vida sem ideais, a um mundo construído à vossa própria imagem e semelhança, ou, pelo contrário, procurar generosamente a verdade, o bem, a justiça, e trabalhar por um mundo que espelhe a beleza de Deus, mesmo que com o custo de se ter de enfrentar as provas que isso comporta?”.
Arregacemos as mangas!
Que em nossos grupos de jovens todos possam estudar as Sagradas Escrituras e o Catecismo da Igreja (hoje, disponível em uma linguagem jovial no You Cat), pois não há como falar do que não se conhece.
Que em nossos grupos possamos dar espaço a momentos de oração, esses, respeitando os diversos carismas dos componentes dos grupos, não devemos setorizar a graça de Deus.
Que em nossas paróquias, com o apoio de nossos pastores, a juventude se organize e visite famílias, doentes, dependentes químicos, levando esperança e alegria que brotam do Cristo.
Que nosso testemunho seja coerente e de impacto também nos meios acadêmicos nos quais estamos inseridos, não podemos nem devemos ficar alheios aos espaços formativos na sociedade.
Que as pessoas vejam em nós o rosto do Cristo que comungamos e o reflexo da oração que fazemos, que o céu comece a invadir as realidades vazias.
Ao final deste texto, você pode me perguntar: Por quê? Por que sair do comodismo? Por que aderirmos a desafios tão difíceis e porque nos comprometermos com algo que parece maior do que nós?
Eu, sem dúvida respondo: Por que Jesus não vale a pena, vale a VIDA!
Na próxima conversa falaremos sobre a história das JMJ’s.
“Continuai enraizados Nele, edificados sobre Ele, firmes na fé tal qual vos foi ensinada, transbordando de ação de graças” (Cl 2,7).
Deus nos abençoe!
Seu irmão,
Seminarista Gabriel.
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