“A infância de Jesus” de Joseph Ratzinger (Bento XVI)
Por: Sem. Thales Maciel
Apresentamos
como indicação de leitura o último livro publicado por Bento XVI que completa a
trilogia sobre a vida de Jesus de Nazaré. A obra “A infância de Jesus” é apresentada
ao público como o último volume – embora o autor a designe como uma antecâmara
dos outros dois – do esforço de Joseph Ratzinger em dialogar com os Evangelhos
a fim de tornar mais nítido a figura de Jesus que, com inúmeras tentativas ideologizadas,
perdeu contornos.
Quando Bento XVI analisa a fé da Virgem
Maria que se expressa decisivamente na Anunciação, ele a vê como protótipo da
fé Católica. Esta reflexão ocorre quando se lê paralelamente o Anúncio do Anjo
à Maria e a Zacarias, a reação deste é de perturbação e medo (cf. Lc 1, 12) e
da Virgem é, da mesma forma, de perturbação, porém, seguida de uma reflexão
sobre o significado daquele anúncio (cf. Lc 1, 29). Assim, extraordinariamente,
demonstra como Maria sabe conjugar mente e coração, fazendo emergir o ponto
fundamental de nossa fé que pode ser ilustrado com a notável frase de Santo
Anselmo: “fides quaerens intellectum”.
Tudo quanto foi dito sobre Maria pode – nesse sentido – aplicar-se ao próprio
autor. De fato, Joseph Ratzinger sabe introduzir em íntimo diálogo a razão e a
fé, a mente e o coração.
Decisivo
na trilogia é a tese de Ratzinger em que, no campo das verdades de fé, o fato
precede a teoria. Bento XVI esclarece que ao afirmar um Dogma não se está
solicitando o assentimento a uma elaboração teórica que exprime em seu seio
ares subjetivos. Inversamente, espera-se, ao afirmar um Dogma, o assentimento
pleno a um fato que ocorreu sobre a face da Terra, e não simplesmente a adesão
a ideias que exprimem possibilidades extra-históricas.
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