O que é teologia? Qual o papel do teólogo na Igreja? E qual sua contribuição para a sociedade? Antes de responder a essas indagações, parece-me que primeiramente devemos nos perguntar: qual a motivação de fazer teologia? A teologia não é mais um privilégio apenas do clero, ao contrário, todos os leigos são chamados a fazer uma experiência teologal. Graças ao Vaticano II, a Igreja como “Povo de Deus”, tem a oportunidade de se aprofundar em sua doutrina e, sobretudo, nas Sagradas Escrituras. A experiência com a teologia nos coloca na dinâmica de uma fé “inteligente” e madura, porém, não racional.
Conceituar teologia não é muito difícil, pois se trata de uma “Ciência de Deus”. Mais do que defini-la, o desafio é vivê-la como uma experiência de Deus. O ponto de partida para se fazer teologia é a fé, ela é condição essencial para nos aproximarmos de Deus através das pesquisas teológicas. É preciso aprender a “teologar” confrontando a vida concreta com a fé. Isto é, interpretar a vida e a história à luz da fé. E também fazer uma síntese entre a teologia acadêmica com a teologia pastoral, em uma linguagem adequada e acessível ao povo de Deus. Eis aqui uma das contribuições do teólogo para Igreja.
O núcleo da teologia é o mistério de Deus, que só conseguimos penetrar através do coração. Uma teologia desligada da vida se torna estéril, incapaz de produzir frutos de conversão. O teólogo deve contribuir para que o mistério salvífico de Deus não fique apenas restrito à Igreja, enquanto instituição, mas que atinja também a sociedade. Principalmente, nessa cultura moderna do individualismo e do consumismo, em que a Igreja não vai determinar inteiramente o ethos, porém, ela precisa se esforçar para contribuir com valores evangélicos, na constituição moral da sociedade.
Nessa perspectiva, é dever da teologia harmonizar os conflitos causados pelo pluralismo religioso. E ajudar o homem a administrar a sua liberdade de escolha diante dessa diversidade cultural e religiosa hodierna. Com a descoberta da liberdade individual e com o avanço do “cientificismo”, o homem moderno precisa reaprender o sentido da vida fraterna e comunitária. Assim, é dever da teologia apontar caminhos e orientar o ser humano para a vivência do amor altruísta.
Portanto, cabe a teologia motivar e justificar nossas ações para que sejam evangélicas. O homem é um ser inteligente que precisa conciliar fé e razão. Não podemos esquecer que um teólogo, além da fé, precisa também ter muito amor. Como afirma Santo Agostinho, “a teologia deve estar subordinada à caridade, visto que o fim de toda a Escritura é o amor”. A teologia nos ajuda a viver como filhos e filhas amados por Deus. O amor é o lugar privilegiado da teologia.